Série Perfilo de Vereador

Após cinco tentativas, vendedor de gás conquista vaga de vereador

Nascido em Santo Ângelo, na capital das Missões, o vendedor de gás de cozinha Leopoldo Vanderlei Ochulaki, o Alemão do Gás, dá lições de persistência. 

Após cinco tentativas de ser vereador, duas em Cruz Alta e três em Santa Maria, foi eleito nas eleições do ano passado pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) com 2.067 votos e é o 14º parlamentar mais votado da atual legislatura.

Antes de se tornar vendedor de gás e vereador, Ochulaki, que é descendente de poloneses, alemães e suíços, teve outras profissões. Ainda criança, foi morar com os avós no município de Giruá, vizinho à cidade natal. 

Lá, cursou o antigo ginásio e se tornou bancário do Banrisul. Depois foi agricultor, funcionário da Corsan, vendedor de loja de tintas, escriturário em uma construtora e caixa executivo do extinto Banco Mercantil de São Paulo.

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Largou o último emprego de bancário para ser autônomo. Em Cruz Alta, abriu um depósito de gás e ingressou na política. Filiado ao PMDB, tentou ser vereador duas vezes, mas não conseguiu. 

Em 1999 mudou-se para o Coração do Rio Grande, onde continuou trabalhando com distribuidora de gás. Concorreu mais três vezes, sempre por partidos diferentes, até conseguir seu objetivo.

– Vendendo gás conheço o dia a dia das comunidades. Já tive funcionários, mas resolvi tocar o negócio sozinho. Passo com meu caminhão anunciando o produto no alto-falante. Também sempre distribuí balas para as crianças – conta o parlamentar, que, para evitar problemas com a Justiça Eleitoral só usa o codinome Alemão quando está vendendo gás.

Antes de se tornar Alemão do Gás, Ochulaki era conhecido por Dedé, mas o segundo apelido é que acabou pegando. Sua base eleitoral é basicamente na periferia. O vereador trabalha na região de Camobi e nas vilas Caramelo e Rigão.

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Integrante da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, enfrentou duas denúncias por suspeitas de maltratar cães. Uma foi na campanha eleitoral. A segunda ocorreu este ano, já como vereador, e teve grande repercussão. 

Alemão do Gás nega as acusações, alega que quase sofreu um enfarte e diz que vai processar todas as pessoas que o difamaram. O pedido em que uma ONG sugeriu sua cassação por falta de decoro parlamentar foi arquivado pela Câmara, mas poderá ser reaberto se o inquérito que investiga o caso na Polícia Civil confirmar maus-tratos.

Sobre a troca de partidos (já foi do PMDB, do PTB e do PT), argumenta que não era valorizado nas siglas anteriores. Hoje se orgulha de ser o primeiro e único vereador eleito pelo PSB, legenda na qual entrou após ser "traído" por setores do PT.

Na Câmara de Vereadores, suas prioridades são os problemas que atingem a periferia e os moradores dos distritos. Integrante da base de sustentação do prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), o parlamentar garante que isso não o impedirá de fiscalizar o Executivo.

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SEM TEMPO

Ex-centroavante de futebol amador, Alemão do Gás diz que parou de jogar após lesionar o joelho. Ele garante que gosta muito de pescar, mas alega não ter tempo para o lazer.

– Com a minha rotina de vendedor de gás, e agora como vereador, não sobra tempo para o que eu gosto de fazer – diz o vereador, que participa de duas comissões e de três frentes parlamentares.

TRIBUNA RÁPIDA

Diário de Santa Maria – Como o senhor entrou na política?

Alemão do Gás – Meu interesse pela política começou quando, vendendo gás, comecei a conviver nas comunidades e conhecer de perto os problemas das pessoas. 

Isso fez com que eu me sentisse no compromisso de ajudar essas pessoas a resolverem problemas de ordem pública. Foi a partir daí que tive vontade de concorrer a vereador, para legislar e fiscalizar.

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Os 2.067 votos que eu fiz nas eleições do ano passado são resultado da confiança de pessoas que me conhecem há anos e que reconhecem meu trabalho. Minha profissão me oportuniza a vivenciar o dia a dia de várias comunidades. Poucos legisladores estão presentes no cotidiano das pessoas e por isso sou um vereador diferenciado.

Diário – O senhor tentou ser vereador em Cruz Alta pelo PMDB, depois o senhor esteve em outros partidos. Por que tanta troca de sigla?

Na Câmara, Alemão do Gás atua em comissões e em frentes parlamentares. Este ano se envolveu em polêmica Foto: Lucas Amorelli / New Co DSM

Alemão do Gás – Em 1988, fiz 108 votos, e em 1996 fiz 310 votos, concorrendo a vereador pelo PMDB em Cruz Alta. Depois que vim para Santa Maria concorri três vezes. 

A terceira tentativa de ser vereador foi pelo PTB, em 2008, quando fiz mais de mil votos, mais exatamente 1.111 votos. Depois, em 2012, concorri pelo PT, obtive 1.613 votos e fui o 23º candidato a vereador mais votado da cidade, sendo que dois vereadores eleitos tiveram menos votos que eu. 

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Nas eleições do ano passado, decidi entrar no PSB. Sou o primeiro e único vereador eleito pelo Partido Socialista (PSB). Troquei de partido várias vezes porque, mesmo com a minha votação aumentando cada vez mais, não me davam valor. 

Sempre fiquei em segundo plano. Minhas campanhas sempre foram feitas no corpo a corpo, nunca tive comitê. Só placas, santinhos e o apoio de amigos.

Diário – O senhor foi denunciado por entidades que defendem animais de maltratar seus cães de estimação. Qual a sua versão para esse episódio que teve grande repercussão?

Alemão do Gás – Eu criava três cães vira-latas e fui viajar num sábado à noite. Deixei meu filho como responsável para tratar os cães. Domingo ele esteve lá e não viu nada de anormal. 

A cachorra teve cãezinhos fazia um mês, ela teve um surto e matou os animais. Na volta, no domingo, perto de Itaara, me ligaram avisando que nas redes sociais tinha gente falando que eu estava maltratando os animais, que eu tinha deixado os cães sem água e sem comida. 

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Tive um mal súbito, quase enfartei e quase bati o carro. Fui parar no Pronto-Atendimento (PA), onde fui medicado. 
Me denunciaram para o Batalhão Ambiental, que foi lá e não constatou nada de maus-tratos, conforme laudo que juntei ao pedido protocolado na Câmara para que eu fosse processado por falta de decoro. 

Também juntei três atestados da veterinária Aline Lampert Dutra, mostrando que os cães estavam bem nutridos e bem cuidados. Fizeram o diabo comigo, queriam me ferrar. 

O caso na Câmara foi arquivado. Sempre tratei bem os animais. Vou processar todos os que me difamaram no Facebook. Vou pedir danos morais porque as denúncias atrapalharam o meu comércio.

Diário Quais são seus projetos para o mandato?

Alemão do Gás – Tenho dois projetos de lei que destaco: o que estabelece o rodízio de farmácias para atender 24 horas e o da remoção de carros abandonados. 

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Os veículos abandonados acarretam sérios riscos, acumulando água da chuva, facilitando a proliferação de insetos e até servindo de esconderijo para marginais. 

Defendo também que o transporte coletivo e os táxis tenham mais veículos adaptados para cadeirantes, que haja acesso melhor nos banheiros públicos e nos restaurantes. E tenho atuação na Frente em Defesa do Interior. 

Quatro vezes por mês passo na Vila Fighera, em Arroio Grande, na Invernadinha, em Três Barras, em São Marcos e na Vila Brígida.

LEOPOLDO VANDERLEI OCHULAKI

– 62 anos

– Natural de Santo Ângelo

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–Comerciante

– Divorciado e pai de cinco filhos

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